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101- “O Dr. Semana tem a honra de participar ao respeitável público, que se acha nesta corte, onde fixou sua residência, pronto sempre a ministrar aos necessitados os socorros de sua infalível ciência.”

“ Clínica cirúrgica do Dr. Semana ”, na coluna Crônicas do Dr. Semana, publicado originalmente na Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, 08/12/1861. Texto curto em que o autor se apresenta como o Dr. Semana. Passa a então a fazer uma relação de todos os tratamentos médicos que tem praticado desde retirada de “tumores sub epidérmicos” até amputações. < Em particular me chamou a atenção o seguinte “casos de substância superexcretada das glândulas ceruminosas dos condutos auditivos externos”, estou sofrendo desse mal será que o Dr. Semana ainda está atendendo pacientes?> <A palavra nova da semana é: participar. Aqui quero destacar um dos sentidos dessa palavra que é menos usado nos dias de hoje. Usado na seguinte passagem: “O Dr. Semana tem a honra de participar ao respeitável público (...)”. Significado: “avisar, comunicar”. Origem : do Latim parte cipere>.

100- “Ó pachorra ! Tu és a Circe mais feiticeira que conheço contra quem não valem todas as advertências de duas Minervas juntas!"

“ Comentários da semana ”, publicado no “Diário do Rio de Janeiro”, em 01/11/1861, 10/11/1861, 21/11/1861, 25/11/1861, 01/12/1861, 16/12/1861, 24/12/1861, 29/12/1861. Reúno aqui os oito primeiros textos desta coluna de jornal de Machado de Assis. Até o texto de 16/12/1861 assina com o pseudônimo Gil. São comentários sobre a política do dia, sobre o que ministros, senadores e deputados tem feito. Aborda também a vida cultural do Rio de Janeiro, exposições e apresentações artísticas em geral. Também trata das festividades municipais e religiosas. E quase sempre mistura crônica com crítica de teatro. Destaco algumas passagens: – Sobre a liberdade religiosa: “Mas filosoficamente, terão razão eles ou nós, filhos da igreja cristã? Há razão para ambas as partes, e cumpre acatar os sentimentos alheios para que não desrespeitem os nossos.” – Sobre ser senador: “É tão bom ter uma cadeira no senado! A gente faz o seu testamento, e ocupa o resto do tempo em precauções higiênicas, a bem de dil...

99- “Muito e medíocre não é, nunca foi riqueza.”

“ Crítica teatral: Os Mineiros da desgraça ”, publicado originalmente na “Revista Dramática”, seção do Diário do Rio de Janeiro, 24/07/1861. Começa tecendo comentários ao estado da arte dramática do Brasil, como ainda estamos começando nesta área e como faltam incentivos. Mas apesar disso afirma: “se as obras que possuímos perdem na importância numérica, ganham muito no valor literário e moral.” E depois passa a elogiar a obra de Quintino Bocaiúva, obra que além de valor literário faz críticas e protestos contra as misérias sociais. <A palavra nova da semana é: mealheiro. Usado na seguinte passagem: “ (…)  Trabalham de acordo para encher o mealheiro comum (...)”. Significado: “cofre, quantidade de dinheiro poupado”. Origem : do Latim medialia >.

98- “Mas eis que o anjo pálido da morte”

Dois poemas desta vez: “ No Álbum da artista Ludovina Moutinho ”, publicado em “A Primavera”, em 17 março de 1861. “ Sobre a morte de Ludovina Moutinho ”, publicado no “Diário do Rio de Janeiro”, ano XLI, n.165, p.2, em poesia 17 de junho de 1861. Depois é republicado com o título “Elegia” em Crisalidas em 1864. Ambos são homenagens à atriz Ludovina Moutinho, jovem artista conhecida no teatro, que chocou o público carioca com sua morte inesperada. <Nessa época quando pessoas famosas morriam os escritores escreviam e publicavam poemas em sua homenagem, é uma bela tradição que está se perdendo.> <A palavra nova da semana é: esquife. Usado na seguinte passagem: “Se, como outrora, nas florestas virgens,/ Nos fosse dado — o esquife que te encerra(...)”. Significado: “pequena embarcação, ou ainda caixão funerário, modo de transporte de uma vida para outra”. Origem : do Longobardo skif >.

97.5- O ano de 1860

O ano de 1860 é mais um ano de mistérios, Machado de Assis tem uma publicação bem menor neste ano comparado ao ano de 1859. Teria escrito sob um pseudônimo? Teriam simplesmente as suas publicações deste ano sumido? Ou teria se dedicado a outras tarefas dentro dos jornais em que colaborava ? Há uma infinidade de possibilidades, os escritos que deixa não nos ajudam a saber ao certo. Em 1859 temos inúmeras críticas teatrais, em 1860 temos apenas três, teria o autor sido despedido? Ou apenas se cansara e tirava um repouso da pena de crítico? Deve-se destacar um texto deste ano: “ Odisséia dos Vinte Anos ”, a primeira tentativa de Machado de compor uma cena de teatro, o que levanta uma possível explicação para as questões aqui levantadas: para ser dramaturgo teria que encerrar sua carreira de crítico.

97- “Na embriaguez da cisma”

“ Lúcia ”, escrito em 1860, publicado em “Crisálidas”, em 1864. Mais uma vez retoma o tema de ter a idade de quinze anos . Narra o encontro de dois jovens de quinze anos, um deles canta, o outro observa. Compara a cantora à Desdemona, da peça Otelo de Shakespeare, e depois à Margaria do Fausto de Goethe. Ela agora já está morta, o poeta canta sua saudade. <A palavra nova da semana é: infante. Usado na seguinte passagem: “(...) Nascidos do ar, que ele respira — o infante?(...)”. Significado: “criança, filho”. Origem : do latim infans>.

96- “Uma lágrima buscares”

“Perdição”, publicado na “Semana Ilustrada”, n.1, p.7, 16 de dezembro de 1860, pode ser acessada nestes link . Foi republicado nas “Crisálidas”, em 1864, sob o novo título “ Quinze anos ” . Com algumas pequenas mudanças. O autor se dirige a uma jovem de quinze anos, se compadece com a história de sua vida. Tenta a consolar, ela que nesse momento crê que todas as alegrias de sua vida são ilusórias. O autor explica que ela está enganada, que a vida não é ilusão, que “por taes gozos não vale/ Deixar os braços de Deus!” <A palavra nova da semana é: escuma. Usado na seguinte passagem: “(...) Essas rosas de beleza/ Que se esvaem como a escuma/ Que a vaga cospe na praia (...)”. Significado: “espuma”. Origem : Do germ. skum>.

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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