"O profeta", escrito em 11 de setembro de 1855, publicado na Marmota Fluminense, n. 644, p. 3, 2 de novembro de 1855.
Poesia muito diferente de todas até então lidas, não há amores, saudades, é uma descrição histórica. Fala sobre profecias. Cria um suspense sobre qual será a visão do profeta. Mas fica tudo no suspense e se revelam apenas possibilidades ao leitor. Seria apena um anticlímax?
É um fragmento, talvez na editoração do periódico tenha sido cortado uma parte da poesia, o resto dela só em algum manuscrito, que muito provavelmente já esteja perdido para todo o sempre.
Mas estudando o texto um pouco mais, me passa pela cabeça que possa ser uma descrição de um acontecimento bíblico, quando Moisés recebe os dez mandamentos.
Não sou especialista em profetas então recorri à alguns amigos professores, que logo me elucidaram:
Professora M.C.: “Quanto ao profeta de Machado, bem se vê que o cara sabia das coisas. Acho difícil tratar-se de Moisés, pois reiteradamente fala-se em "templo" (aliás, ruínas), o que na época de Moisés não existia, pois o povo era nômade e habitava em tendas (lembrando que o primeiro templo foi edificado pelo Rei Salomão, por encargo do Rei Davi).
Quando li (especialmente por conta do fragmento), confesso que me vieram à mente as figuras do profetas de Aleijadinho. O problema é que não são de argila. Não obstante, acho possível tratar-se do profeta Daniel (viveu em cativeiro na Babilônia - mas não tinha acesso ao templo em Jerusalém, falava de acontecimentos de um futuro próximo e do fim do mundo, passava madrugadas tendo visões), ou do profeta Jeremias (esse vivia no templo, acordava de madrugada todos os dias para profetizar, e viu a sua terra sendo conquistada, conforme o que tinha dito e ninguém havia acreditado). Ou do profeta Joel, o mais eloquente dos profetas menores em relação à descrição do fim dos tempos. Mas, claro, pode ser um "profeta genérico", já que no sentido espiritual os templos estão mesmo em ruínas, e que é difícil recebermos revelações à luz do dia.”
Professor R.O. : “A epígrafe do poema é extraída da parte V do "Ideias Íntimas", do Álvarez de Azevedo. Esse trecho fala de um cara chamado Hugues Felicité Robert de Lamennais, que tretou pela restauração da igreja após a Revolução Francesa e, parece, conseguiu certa notoriedade no início do século XIX. Não seria o poema do Machado sobre este cara? Parece que é possível. “
O leitor de Machado de Assis: obrigado professores concordo plenamente.
Poesia muito diferente de todas até então lidas, não há amores, saudades, é uma descrição histórica. Fala sobre profecias. Cria um suspense sobre qual será a visão do profeta. Mas fica tudo no suspense e se revelam apenas possibilidades ao leitor. Seria apena um anticlímax?
É um fragmento, talvez na editoração do periódico tenha sido cortado uma parte da poesia, o resto dela só em algum manuscrito, que muito provavelmente já esteja perdido para todo o sempre.
Mas estudando o texto um pouco mais, me passa pela cabeça que possa ser uma descrição de um acontecimento bíblico, quando Moisés recebe os dez mandamentos.
Não sou especialista em profetas então recorri à alguns amigos professores, que logo me elucidaram:
Professora M.C.: “Quanto ao profeta de Machado, bem se vê que o cara sabia das coisas. Acho difícil tratar-se de Moisés, pois reiteradamente fala-se em "templo" (aliás, ruínas), o que na época de Moisés não existia, pois o povo era nômade e habitava em tendas (lembrando que o primeiro templo foi edificado pelo Rei Salomão, por encargo do Rei Davi).
Quando li (especialmente por conta do fragmento), confesso que me vieram à mente as figuras do profetas de Aleijadinho. O problema é que não são de argila. Não obstante, acho possível tratar-se do profeta Daniel (viveu em cativeiro na Babilônia - mas não tinha acesso ao templo em Jerusalém, falava de acontecimentos de um futuro próximo e do fim do mundo, passava madrugadas tendo visões), ou do profeta Jeremias (esse vivia no templo, acordava de madrugada todos os dias para profetizar, e viu a sua terra sendo conquistada, conforme o que tinha dito e ninguém havia acreditado). Ou do profeta Joel, o mais eloquente dos profetas menores em relação à descrição do fim dos tempos. Mas, claro, pode ser um "profeta genérico", já que no sentido espiritual os templos estão mesmo em ruínas, e que é difícil recebermos revelações à luz do dia.”
Professor R.O. : “A epígrafe do poema é extraída da parte V do "Ideias Íntimas", do Álvarez de Azevedo. Esse trecho fala de um cara chamado Hugues Felicité Robert de Lamennais, que tretou pela restauração da igreja após a Revolução Francesa e, parece, conseguiu certa notoriedade no início do século XIX. Não seria o poema do Machado sobre este cara? Parece que é possível. “
O leitor de Machado de Assis: obrigado professores concordo plenamente.
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