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Mostrando postagens com o rótulo 1860

97.5- O ano de 1860

O ano de 1860 é mais um ano de mistérios, Machado de Assis tem uma publicação bem menor neste ano comparado ao ano de 1859. Teria escrito sob um pseudônimo? Teriam simplesmente as suas publicações deste ano sumido? Ou teria se dedicado a outras tarefas dentro dos jornais em que colaborava ? Há uma infinidade de possibilidades, os escritos que deixa não nos ajudam a saber ao certo. Em 1859 temos inúmeras críticas teatrais, em 1860 temos apenas três, teria o autor sido despedido? Ou apenas se cansara e tirava um repouso da pena de crítico? Deve-se destacar um texto deste ano: “ Odisséia dos Vinte Anos ”, a primeira tentativa de Machado de compor uma cena de teatro, o que levanta uma possível explicação para as questões aqui levantadas: para ser dramaturgo teria que encerrar sua carreira de crítico.

97- “Na embriaguez da cisma”

“ Lúcia ”, escrito em 1860, publicado em “Crisálidas”, em 1864. Mais uma vez retoma o tema de ter a idade de quinze anos . Narra o encontro de dois jovens de quinze anos, um deles canta, o outro observa. Compara a cantora à Desdemona, da peça Otelo de Shakespeare, e depois à Margaria do Fausto de Goethe. Ela agora já está morta, o poeta canta sua saudade. <A palavra nova da semana é: infante. Usado na seguinte passagem: “(...) Nascidos do ar, que ele respira — o infante?(...)”. Significado: “criança, filho”. Origem : do latim infans>.

96- “Uma lágrima buscares”

“Perdição”, publicado na “Semana Ilustrada”, n.1, p.7, 16 de dezembro de 1860, pode ser acessada nestes link . Foi republicado nas “Crisálidas”, em 1864, sob o novo título “ Quinze anos ” . Com algumas pequenas mudanças. O autor se dirige a uma jovem de quinze anos, se compadece com a história de sua vida. Tenta a consolar, ela que nesse momento crê que todas as alegrias de sua vida são ilusórias. O autor explica que ela está enganada, que a vida não é ilusão, que “por taes gozos não vale/ Deixar os braços de Deus!” <A palavra nova da semana é: escuma. Usado na seguinte passagem: “(...) Essas rosas de beleza/ Que se esvaem como a escuma/ Que a vaga cospe na praia (...)”. Significado: “espuma”. Origem : Do germ. skum>.

95- “Corria atrás da borboleta azul”

“Lembranças de minha mãe”, publicado na “Revista Luso Brasileira”, n.2, p.80, em 31 de julho de 1860, pode ser acessada neste link   Redescoberta pelo pesquisador Felipe Rissato como noticiado aqui Fala de suas memórias com sua mãe, de como ela lhe foi tirada enquanto ainda era uma criança. Reflete sobre a importância de ter uma mãe e da falta que faz.

94- “Açougues Monstros” e a cauda da arma.

Dois textos desta vez: 1- “Carniceira a Vapor”, publicado em “A Marmota” , n. 1.158, pp. 1-2, 8 de maio de 1860, pode ser lido neste trabalho onde foi transcrito. Observação: não existe certeza se a autoria desse texto é de Machado de Assis, podendo ser de Moreira de Azevedo, já que ambos escreviam na mesma época para a Marmota e assinavam M.A. A narrativa se passa em Brooklyn, nos Estados Unidos. E o assunto é a mecanização do trabalho, especificamente no caso de um matadouro de porcos. <A descrição do maquinário e processamento dos porcos é evocativo aos atuais programas de defesa de direitos de animais e incentivo às práticas vegetarianas.> 2- “Anedocta”, publicado em “ A Marmota”, n. 1.159, p. 4, 11 de maio de 1860, pode ser lido neste trabalho onde foi transcrito Observação: não existe certeza se a autoria desse texto é de Machado de Assis, podendo ser de Moreira de Azevedo, já que ambos escreviam na mesma época para a Marmota e assinavam M.A. Breve relato sobre o uso d...

91- “(...) tinha calçado o coturno de crítico dramático, e devia a todo custo seguir a rota que eu mesmo me tinha traçado.”

“ A Crítica teatral. Dalila ”, publicado originalmente na “Revista Dramática”, seção do Diário do Rio de Janeiro, 13/04/1860. Começa por falar um pouco de sua vida e do difícil trabalho de crítico de teatro. A primeira peça que comenta é “Dalilia” de Octave Feuillet, traduzida e adaptada por Antonio de Serpa, representada no teatro das Variedades. Logo a elogia como uma das produções “mais lindas  da musa moderna”. O tema: a oposição entre o amor lascivo e o amor casto. Depois fala sobre “Espinhos e Flores” de Camilo Castello Branco. O nosso crítico tece vários elogios à Camilo, afirmando que esta peça também é uma boa produção desse literato. Tema: amor, traição, piedade e perdão.

90- Os vinte anos de Machado de Assis

“Odisséia dos Vinte Anos”, publicado na Marmota, n. 1.147, p. 3, 30 de março de 1860, pode ser lido neste trabalho onde foi transcrito. É o primeiro texto em que Machado deixa a pena da crítica para tentar a pena de criador de teatro. A cena toda é uma conversa entre dois amigos, que passa por uma discussão sobre os males da alma e a poesia de Byron. Um dos interlocutores chamado Luís diz que perdeu a mãe aos nove anos, fato que também aconteceu com Machado de Assis, seria isso a indicação de que este personagem expressa a opinião do autor? Luís se diz desiludido da vida, que todos são cínicos, que se sente com vinte anos uma pessoa velha. <A palavra nova do texto é: patíbulo. Usado por Machado na seguinte passagem: “(...) aqueles que têm em cada dia, não vinte e quatro horas de vida, mas um degrau do patíbulo para que sobem lentamente;(...) ”. Significado: “lugar de execução da pena de morte”. Origem : Do latim patibulum>.

88- “Desgraçado, vendeste tua mãe!”

“ A Crítica teatral. José de Alencar: Mãe ”, publicado originalmente na “Revista Dramática”, seção do Diário do Rio de Janeiro, 29/03/1860. Começa falando da tarefa e das dificuldades de um crítico de teatro. E comenta rapidamente que não se filia à escola realista nem a romântica. Então passa a discorrer sobre a peça “Mãe” e a elogia dizendo: “o drama é de um acabado perfeito, e foi uma agradável surpresa para os descrentes da arte nacional.” Um drama de amor e honra, com suicídio, que ainda mostra as práticas do comércio de escravos, que eram usados como bens e até hipotecados. <A palavra nova da semana é: azorrague. Usado por Machado na seguinte passagem: “Nem azorrague, nem luva de pelica; mas a censura razoável, clara e franca, feita na altura da arte e da crítica. ”. Significado: “Açoite de várias correias ou cordas”.>.

87- “Morreste, seriedade!”

“ Ao carnaval de 1860 ”, publicado em “A Marmota”, n. 1.136, 21 de fevereiro de 1860.     Para quem estuda a história do carnaval brasileiro é um bom testemunho de como se fazia em 1860, ainda antes de o samba existir.     O poeta saúda o carnaval, já então comemorado em três dias. A própria razão entrou na brincadeira. Nem a política é causa para briga nesses dias.     Machado diz que o carnaval é como Roma que se deixa invadir pelos Hunos. <A palavra nova da semana é: folgazão. Usado por Machado na seguinte passagem: “Agora reina a chacota/E o carnaval folgazão!”. Significado: “alegre; jovial; que não quer trabalhar”. Origem: de folgar.>

86- “Tenho o teatro que me chama.”

Crítica, Revista dos teatros , 10 de janeiro de 1860. O texto é do início do ano, período de festas, e nosso crítico teatral já explica que não há novidades no mundo teatral. E também o calor da do verão é intenso e convida ao repouso, até escrever um folhetim é esforço enorme. <Machado é exagerado compara sua tarefa de ter que escrever sobre teatro com o destino de Prometeu: “Atado a esta rocha fatal chamada folhetim, inerte, Prometeu como sou, nem tenho ao menos um coro de Oceânidas para consolar-me no infortúnio. ”> Assim comenta que se repetiu a apresentação do “Romance de um moço pobre”, alguns concertos dos irmãoes Growenstein. Ainda a peça “Pedro” de Mendes Leal Junior, peça com vocação artística e filosófica. <A palavra nova da semana é: apostar. A novidade não é na palavra mas em um de seus sentidos, não estou falando de seu sentido usual. Aqui é usado por Machado com o sentido de emprenhar-se, e é usado na seguinte passagem: “Estamos em festas e como que os teatros ...

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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