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Mostrando postagens com o rótulo 1859

139- Elogios

  D. Pedro II (esboço biographico) ,  publicado em 6 de novembro de 1859, na revista  “O Espelho: revista de literatura, moda, indústria e arte”, edição n.10. Biografia de Dom Pedro 2º que foi publicada de forma anônima, a pesquisadora Cristiane Garcia Teixeira atribui a autoria a Machado de Assis, conforme defendeu na sua pesquisa para a dissertação “ Um projeto de revista n’O Espelho: literatura, modas, indústria e artes (1859-1860) ”. O texto em si, começa desde a chegada em 1808 do príncipe regente. Depois fala sobre D. Pedro I e Leopoldina. Finalmente para começar a falar de D. Pedro II desde seu batismo e vários nomes. Fala da sua mãe que morreu quando ainda contava com um ano de idade, e que D. Pedro II teve que se separar do pai quando contava com cinco anos de idade. Aborda a tutoria de José Bonifácio. Explica que em 1840 foi proclamada a sua maioridade. Depois trata de seu casamento com D. Thereza. Pontua as suas obras de caridade, o fato de ele ser cristão, ter...

85.5- O ano de 1859

O ano de 1859 mostra-se um período de transição há ainda muita poesia, mas a prosa se mostra tão frequente quanto. Inicia-se uma nova carreira a de crítico de teatro . Ele já havia revelado seu interesse pela arte dramática em poesias , mas é em 1859 que estreia na tarefa de analisar as peças apresentadas ao público carioca. O jovem Machado de Assis se torna uma presença constante nas plateias dos diversos teatros da cidade. Com estes textos começa a sua conversa direta com os leitores e nos apresenta indiretamente um pouco do cotidiano das pessoas que iam ao teatro. O autor conhece, quase sempre de antemão, as peças apresentadas, os diretores, os atores e atrizes. É um crítico direto não fazendo uso de hipérboles ou eufemismos, quando gosta elogia e quando não lhe agrada aponta os erros. <É incrível imaginar hoje ir ao teatro toda semana, ou mais de uma vez por semana, quando muito vamos ao teatro apenas uma vez por ano. Machado vai ao teatro como nós vamos ao cinema. De fato, s...

85- “É fraqueza chorar?”

“ A augusta ”, escrito em 1859, publicado em “O Binóculo”,n.º 1, 23 set. 1862. <A interpretação de poesias é como desvendar um mistério um enigma. Uma mensagem clara na cabeça do poeta torna-se nebulosa quando transcrita em versos, as rimas criadas para dar uma melodia nas estrofes são artificialmente colocadas deslocando a ordem lógica das palavras. Pode ser que o poeta nem tenha uma mensagem clara inicialmente.> <Enfrentemos mais uma poesia.> O poeta canta versos de consolação, de esperança diante de um fracasso de uma amiga. O autor chora com sua amiga. Fala de como muitas vezes temos que esconder nossa tristeza, fingindo alegria. Depois de mostrar toda essa empatia por uma dor alheia, somente na última estrofe fala de redenção e novos amores que nos ajudam a recomeçar mesmo depois da mais profunda queda. <Vou inaugurar uma nova seção nesses comentários: Machado de Assis escreveu faz mais de um século usando palavras e expressões hoje inutilizados. Assim a cada texto...

84- “Foras um sonho que eu tive, (...)”

“ Ícaro ”, escrito em 1859, publicado no Correio Mercantil em 9 de janeiro de 1860.     O poeta volta a refletir sobre o amor e seus efeitos. Sobre as exigências que ele faz. Sobre as necessidades que cria. O eu lírico quer mais de sua amada, quer que ela o ame na mesma medida que ele. E quando ele não é correspondido recusa a piedade de um amor machucado.     <Em um dos versos se lê: “quebrado a teus pés, quebrado”, que exagerado.>

83- “Sou bem moço, e talvez uma esperança/Pudesse ainda me despir do lodo;”

“ Um nome ”, foi encontrado apenas o registro da data de divulgação do poema, 1859     É um poema misterioso. Faltam versos para se entender o relacionamento descrito. O autor se dirige a uma pessoa específica. Fala de um fracasso literário. Queria homenagear alguém e não o pode fazer.     Teria ele feito uma promessa e não conseguido a cumprir? A falha foi sua ?     O leitor deste comentário sabe? Tem a resposta ou uma opinião? Comente abaixo.     <Na epígrafe deste poema está escrito “No álbum da Exma. Sra. D. Luísa Amat”. É interessante esse costume da época de escrever poemas em álbuns. Acredito que o equivalente seria escrever um depoimento na página pessoal de alguém em uma das redes sociais da internet. Pergunto-me se os autores desses texto preparavam os versos antecipadamente ou escreviam nesses álbuns de improviso em algum encontro social.>

82- Versos de quem?

“ Meus Versos ”, Foi encontrado apenas o registro da data de divulgação do poema, 1859.     Cinco estrofes de sonhos, esperanças e desilusões. Compara a criação de versos com o crescer de botões em flores e como muitas são ignoradas e jogadas fora.     <Não encontrei a origem desta poesia, se foi publicada em algum lugar, se há apenas um manuscrito, nem certeza de que foi Machado de Assis que a escreveu, poderia ser uma tradução, ou até de outra pessoa. Se você leitor souber, por favor me avise .>

80- O cronista dos fatos teatrais

Crítica, Revista dos teatros , 25 de dezembro de 1859.     Machado mais uma vez faz sua peregrinação pelos teatros cariocas para apontar as virtudes e vícios das produções. Primeiro assistiu “o romance de um moço pobre”, traduzido do francês, rico em fatos e personagens, a peça foi muito aplaudida na França e no Brasil repete o seu sucesso.     Depois comenta a peça “Casamento a marche-marche”, uma comédia, e o “Escravo fiel”, um drama, e ainda “ Pedro Hespanhol” e “Chins conspiradores”.     <A peça “Escravo fiel”, trata do polêmico tema da escravidão, ainda em prática no Brasil de então, o drama tem a seguinte fala: “Eu sou negro mas as minhas intenções são brancas!”, o comentário de Machado sobre isso é polêmico, merece maior estudo>.

79- As travessuras machadianas

“ Travessa ” publicado em “O Espelho”, 18 dezembro 1859. O poeta declara seu amor, sua paixão por uma mulher desconhecida de nós, deposita nela sua carência por mais esperança e por um mundo sem medo. Nada se compara ao sentimento que ela lhe desperta. Com ela o amor se concretiza. E para ela entrega sua vida.

78- “Não serei eu o Édipo moderno.”

Crítica, Revista dos teatros , 27 de novembro de 1859, 4 e 10 de dezembro de 1859 publicado em “O espelho” e 17 de dezembro de 1859.     O texto do dia 27 de novembro, começa perguntando se a leitora já viu a peça “Miguel, o Torneiro”, uma imitação do francês, que foi aqui bem desempenhada. Depois trata de “Erro e amor”, opinando por uma falta de ligação lógica entre as cenas. Ainda fala da apresentação da ópera Pipelet pela nova companhia da Ópera Nacional, iniciativa que muito lhe agradou. No final convida a leitora a ir assistir a comédia “Duas primas”, que irá comentar no próximo texto.     De fato, no dia 4 de dezembro começa tratando justamente de “Duas primas”, explica que ela se originou na obra “La comtesse du Toneau” de Scribe, comparando este autor a Calderan na poesia e Dumas no romance, essa obra se passa no tempo de Luiz XV, sobre uma aventura amorosa com traições e intrigas. Afirma que a encenação da tradução “Duas Primas” foi bem desempenha...

77- Uma cantora

“ A MME. De la Grange ”, publicado no Correio Mercantil, 16 nov. 1859. Poesia em homenagem à cantora de la Grange, mostrando novamente a paixão do autor pela arte e as artistas. É um notável modelo de como fazer uma homenagem para alguém nessa época.

76- “Estamos no meio-dia do século.”

Crítica, Revista dos teatros , publicado em 5, 12, 19 de novembro de 1859.     No dia 5, começa comentando a peça “Abel e Caim” de Mendes Leal (Antonio), diz que tem algumas cenas tocantes, um bom monólogo, mas que o final é longo demais. Depois usa a história bíblica para dizer que a sociedade tem sido um Caim para os artistas. Volta para a peça e fala sobre a atuação de cada ator e atriz. Ainda dedica algumas frases para a peça “Rafael” e um concerto instrumental.     O texto do dia 12, faz severas críticas a João Caetano, diz que é ultrapassado, “composições-múmias”, que sua arte apenas causa “abalos nervosos”. Depois trata da comédia “Feio de corpo bonito n'alma” de José Romano, compara a peça ao corcunda de notre dame de V. Hugo. Ainda fala sobre “Os amores de um marinheiro”, comentando a atuação boa dos atores.     Já no dia 19, comenta o concerto de Elena Conran, tecendo grandes elogios à cantora De Lagrange, tanto o impressiona que d...

75- Prosa teatral

“Madalena”, publicado em “A Marmota”, n. 1.096 (pp. 3-4), 1.097 (p. 3), 1.098 (pp. 3-4), 1.099 (pp. 3-4), 1.100 (pp. 3-4), 1.101 (pp. 2-3), 1.102 (pp. 3-4), 1.104 (pp. 2-3) e 1.105 (pp. 2-3); 4, 7, 11, 14, 18, 21 e 25 de outubro de 1859; 1 e 4 de novembro de 1859. Pode ser lido  neste trabalho onde foi transcrito. Observação: não existe certeza se a autoria desse texto é de Machado de Assis, podendo ser de Moreira de Azevedo, já que ambos escreviam na mesma época para a Marmota e assinavam M.A. Madalena filha de Fernando e órfã de mãe, o enredo gira entorno de um casamento arranjado de Madalena, uma jovem moça, com um Médico de 60 anos. Há grande drama, um incêndio criminoso, atos de honra e sacrifício. Em algumas partes tem monólogos em que o personagem fala sozinho, parecendo mais uma peça teatral, com atos ao invés de capítulos. <Como argumento para se dizer que de fato é da autoria de Machado de Assis pode se apontar que talvez a personagem Madalena esteja representan...

74- De serões, teatro e ópera.

Crítica, Revista dos teatros publicado em 23 e 29 de outubro de 1859. O primeiro texto do dia 23, comenta como se deu um serão artístico na sala do Lírico e os artistas que aí se apresentaram. Em especial fala sobre o talento no violino de Paulo Julien, mostrando seus conhecimentos musicais. Sobre outra apresentação faz referência sobre a obra de Verdi se pronunciando a favor da sua revolução na música. Depois, não na mesma ocasião, escreve sobre a apresentação das peças “Mulheres terríveis”, “Os ovos de ouro”, “Simão ou o velho cabo da esquadra”, “O asno sempre é asno”. No texto do dia 29, discorre sobre a chegada da atriz de Portugal a Sra. Eugênia Infanta da Câmara e se ela é ou não talentosa no palco, o autor também está na expectativa de assisti-la. Adiante fala da montagem do drama “Rafael” e diz que apesar de ter sido bem acolhido pelo público achou que pecou pelo excesso de lirismo. Ainda dala sobre a peça “Quero e não quero”, e a ópera nacional “Pipelet”música de Ferrari...

73- “O verbo é a origem de todas as reformas. “

“ A reforma pelo jornal ”, publicado originalmente em O Espelho, Rio de Janeiro, 23/10/1859. Discorre sobre a importâncias do jornal e as mudanças que ele proporcionou. O jornal é uma passo em direção à democracia. Afirma que a palavra em discursos e em livros é um monólogo e que somente no jornal vira discussão. E a discussão coloca em risco as aristocracias modernas. Por essa razão muitos tentam suprimir a liberdade de impressa ou a impressa como um todo. Sobre o Brasil diz que a impressa ainda precisa crescer muito, que sofre financeiramente e muitas vezes precisa do apoio da nobreza. Mesmo assim o autor termina o texto com otimista pelo jornal e pelas reformas.

71- “Vai, não prendas a tua primavera,”

“ Ofélia ”, publicado no Correio Mercantil, 21 out. 1859. Constrói toda poesia em cima da metáfora: o destino como um rio. Inspirado em Shakespeare, fala com Ofélia, sobre sua morte. E o poeta tenta dissuadi-la de entrar no rio. <Essa é a primeira evidencia do conhecimento de Shakespeare por Machado de Assis, nessa hora me pergunto: quando começou a lê-lo? No original em inglês ou em alguma tradução? O acesso a sua obra era fácil em 1859? Vamos acompanhar de perto essa conversa.>

70- “Talvez não me conheçam, mas é fácil; um cronista é reconhecido entre um povo de cabeças. Eu então cheiro a folhetim a duas léguas de distância.”

Crítica, Revista dos teatros publicado em 2, 9 e 16 de outubro de 1859. O primeiro texto publicado no dia 2, comenta “Luiz” de Ernesto Cibrão, e lhe tece grandes elogios, e diz que essa também foi a opinião do público. Depois fala de “Um Bernardo em dois volumes”, uma comédia de Novaes, que fez o publico rir bastante. Ainda na semana foi ver a apresentação da Sra. de Lagrange em “Lombardos”, que apesar da boa cantora não sustentou um bom público. Em digressão diz que gostaria de escrever um livro curioso chamado “Os fastos do teatro Lírico”. Também comenta que no teatro São Pedro houve a apresentação do drama “Jocelin”. E mudando de assunto anuncia o renascimento da Ópera Nacional, sob a direção do Sr. D. José Amat, diz que as leitoras podem encontrá-lo na plateia podendo ser reconhecido facilmente por cheirar a folhetim. O segundo texto publicado no dia 9, começa pedindo perdão à leitora pelas “linhas magras”, comenta rapidamente a apresentação das peças “Meu nariz, meus olhos, minh...

69- Leia ouvindo um realejo.

“Cousas Que São Maçantes”, publicado em “A Marmota”, n. 1.096, p. 4, 4 de outubro de 1859. Pode ser lida neste trabalho onde foi transcrita. Uma lista de coisas que o autor acha maçantes. São apenas catorze itens, que vai desde poeira, ser escolhido para o júri até ouvir cantores desafinados. Apesar de mais de um século passado qualquer um pode se identificar com essa lista bem ao estilo das listas modernas difundidas em redes sociais. Observação: não existe certeza absoluta se a autoria desse texto é de Machado de Assis, visto que foi assinada por “M. de A.”, na época trabalhavam na marmota além de Machado de Assis, Moreira de Azevedo, com as mesmas iniciais.

68- “(...) a arte divorciou-se do público.”

“ Idéias sobre o teatro ”, publicado originalmente em O Espelho,I, 25 de set.; II, 02 de out.; 25 de dez. de 1859. Fala sobre a situação do teatro e seus artistas no Brasil. Em resumo explica os muitos problemas que a atingem os artistas e a plateia, diz que ambas classes precisam ser educadas. Machado explica que o teatro não é apenas passatempo, pois tem uma missão moralizadora. E nesse sentido o governo não toma nenhuma atitude e limita-se ao apoio material. Também reclama que o teatro do Brasil não tem nenhum cunho local, repete estrangeirismo. O teatro precisaria representar a verdade nacional. E ainda escreve que: “(...) imitamos as frivolidades estrangeiras, e não aceitamos os seus dogmas de arte?”.

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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