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104.5- O ano de 1861

O ano de 1861 comprova que em muitos textos de Machado de Assis ele usava pseudônimos, neste caso Gil . O que levanta ainda mais a possibilidade de haver outros textos ainda não descobertos da autoria dele, creditados a pseudônimo desconhecido. Neste ano continuam as poesias , algumas críticas de teatro, comentários sobre a política da época, e também inaugura-se a coluna do Dr. Semana , que se mostra bem interessante. Segue ainda na pena de dramaturgo , com mais um triângulo amoroso. De forma que o escritor continua produzindo textos das diversas modalidades, não abandona nenhum estilo e se aprimora em todos.

102- Ensaio

“ Desencantos ”, publicado originalmente por Paula Brito, Rio de Janeiro, 1861.     Primeira parte em Petrópolis As cenas se passam entre três personagens, um triângulo amoroso. Dois vizinhos disputam a viúva de um coronel. a viúva escolhe o pretendente de maior iniciativa. A segunda parte se passa na corte o após o casamento as coisas não parecem ir tão bem após a lua de mel, o marido quer controlar a mulher e não deixá-la mais sair de casa. Aquele que foi rejeitado agora corteja a filha da sua antiga amada e acaba casando com ela.     Os diálogos entre as personagens são longos e para olhos de hoje parecem pouco naturais. <A palavra nova da semana é: meliflua. Usado na seguinte passagem: “(…) pensa que eu sou lá desses que procuram vencer pelas palavras melífluas e falsas?(...)”. Significado: “Que corre como mel; [Figurado] que é agradável aos sentidos. Origem : do Latim mellifluus>.

101- “O Dr. Semana tem a honra de participar ao respeitável público, que se acha nesta corte, onde fixou sua residência, pronto sempre a ministrar aos necessitados os socorros de sua infalível ciência.”

“ Clínica cirúrgica do Dr. Semana ”, na coluna Crônicas do Dr. Semana, publicado originalmente na Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, 08/12/1861. Texto curto em que o autor se apresenta como o Dr. Semana. Passa a então a fazer uma relação de todos os tratamentos médicos que tem praticado desde retirada de “tumores sub epidérmicos” até amputações. < Em particular me chamou a atenção o seguinte “casos de substância superexcretada das glândulas ceruminosas dos condutos auditivos externos”, estou sofrendo desse mal será que o Dr. Semana ainda está atendendo pacientes?> <A palavra nova da semana é: participar. Aqui quero destacar um dos sentidos dessa palavra que é menos usado nos dias de hoje. Usado na seguinte passagem: “O Dr. Semana tem a honra de participar ao respeitável público (...)”. Significado: “avisar, comunicar”. Origem : do Latim parte cipere>.

100- “Ó pachorra ! Tu és a Circe mais feiticeira que conheço contra quem não valem todas as advertências de duas Minervas juntas!"

“ Comentários da semana ”, publicado no “Diário do Rio de Janeiro”, em 01/11/1861, 10/11/1861, 21/11/1861, 25/11/1861, 01/12/1861, 16/12/1861, 24/12/1861, 29/12/1861. Reúno aqui os oito primeiros textos desta coluna de jornal de Machado de Assis. Até o texto de 16/12/1861 assina com o pseudônimo Gil. São comentários sobre a política do dia, sobre o que ministros, senadores e deputados tem feito. Aborda também a vida cultural do Rio de Janeiro, exposições e apresentações artísticas em geral. Também trata das festividades municipais e religiosas. E quase sempre mistura crônica com crítica de teatro. Destaco algumas passagens: – Sobre a liberdade religiosa: “Mas filosoficamente, terão razão eles ou nós, filhos da igreja cristã? Há razão para ambas as partes, e cumpre acatar os sentimentos alheios para que não desrespeitem os nossos.” – Sobre ser senador: “É tão bom ter uma cadeira no senado! A gente faz o seu testamento, e ocupa o resto do tempo em precauções higiênicas, a bem de dil...

99- “Muito e medíocre não é, nunca foi riqueza.”

“ Crítica teatral: Os Mineiros da desgraça ”, publicado originalmente na “Revista Dramática”, seção do Diário do Rio de Janeiro, 24/07/1861. Começa tecendo comentários ao estado da arte dramática do Brasil, como ainda estamos começando nesta área e como faltam incentivos. Mas apesar disso afirma: “se as obras que possuímos perdem na importância numérica, ganham muito no valor literário e moral.” E depois passa a elogiar a obra de Quintino Bocaiúva, obra que além de valor literário faz críticas e protestos contra as misérias sociais. <A palavra nova da semana é: mealheiro. Usado na seguinte passagem: “ (…)  Trabalham de acordo para encher o mealheiro comum (...)”. Significado: “cofre, quantidade de dinheiro poupado”. Origem : do Latim medialia >.

98- “Mas eis que o anjo pálido da morte”

Dois poemas desta vez: “ No Álbum da artista Ludovina Moutinho ”, publicado em “A Primavera”, em 17 março de 1861. “ Sobre a morte de Ludovina Moutinho ”, publicado no “Diário do Rio de Janeiro”, ano XLI, n.165, p.2, em poesia 17 de junho de 1861. Depois é republicado com o título “Elegia” em Crisalidas em 1864. Ambos são homenagens à atriz Ludovina Moutinho, jovem artista conhecida no teatro, que chocou o público carioca com sua morte inesperada. <Nessa época quando pessoas famosas morriam os escritores escreviam e publicavam poemas em sua homenagem, é uma bela tradição que está se perdendo.> <A palavra nova da semana é: esquife. Usado na seguinte passagem: “Se, como outrora, nas florestas virgens,/ Nos fosse dado — o esquife que te encerra(...)”. Significado: “pequena embarcação, ou ainda caixão funerário, modo de transporte de uma vida para outra”. Origem : do Longobardo skif >.

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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