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Mostrando postagens com o rótulo 1858

140- “ O folhetinista é o colibri da literatura.”

  A lanterna de Diógenes. Fisiologia do folhetinista , publicado em 22 de outubro de 1858, no Correio da Tarde. Texto, assinado com o pseudônimo "?" foi identificado como da autoria de Machado de Assis por Fernando Borsato. O texto é sobre o folhetinista, profissão da moda na época, profissão que nasceu na França e do jornalismo. Termina dizendo que ainda não foi bem implementado pelo brasileiro que apenas imita o estilo francês.

93- “Vem! Penetra no tempo das artes!”

Sem Título, publicado em “A pátria”, n. 148, p.3, 6 de julho de 1858. Pode ser lida aqui  ou na hemeroteca digital . Este texto foi redescoberto pelo pesquisador Felipe Rissato . É uma saudação aos artistas que estão iniciando. E que não se desanimem pelas dificuldades encontradas. <A palavra nova da semana é: ledo. Usado na seguinte passagem: “Toma ledo nos hombros a cruz”. Significado: “alegre, feliz, engraçado”. Origem : Do latim laetus>.

52.5- O ano de 1858

    Como vimos em 1857 o poeta estava desolado pelos caprichos do amor e como qualquer boa paixão sua saudade teima em o assombrar. No começo do ano o poeta grita um “ vai-te ” tentando superá-la.     E de certo modo essa superação transparece na obra em que Machado de Assis estreia no estilo dos contos com uma história de infidelidade. Tema que vai usar repetidas vezes durante sua obra, talvez para exorcizar sua própria dor.     Neste ano de 1858 Machado mostra-se não apenas conhecedor dos clássicos da literatura mas também da poesia mais moderna brasileira, homenageando um dos seus jovens expoentes: Álvares de Azevedo .     Mas a obra que destaco é a “ A missão do poeta ”, nela Machado confessa os conflitos do amante da arte, das dificuldades de ser um artista e ao mesmo tempo a necessidade de ser um artista.     Enfim, em 1858, nosso ainda jovem escritor passar a ser uma figura comum nos jornais carioca ...

50- Um hino

“ O progresso ”, publicado no “Correio Mercantil”, 30 nov. 1858. Lendo pela primeira vez pensei ser um comentário em versos ao atual Hino Nacional Brasileiro, acompanhem meu raciocínio: os versos de Machado de Assis várias vezes falam de uma voz que chama a mocidade para o progresso. No atual hino nacional também temos uma voz proclamando a independência nas margens do Ipiranga. A de Machado contém as expressão: “berço gentil”, que no Hino oficial é “berço esplêndido”. Mas depois caí em mim e lembrei que Machado de Assis existiu em um tempo em que o Brasil ainda não era Brasil que ainda estava se inventando, nem havia futebol... De fato apesar dessas semelhanças e da música do Hino Nacional já existir a Letra que conhecemos só veio depois da proclamação da república. Sem falar do tema do progresso, que já constava nos ideais positivistas mas que só entrou na nossa bandeira nacional também durante a república. Além do que, quanto à mensagem as composições são bem diferentes, ...

47- “(POETA) O sonho é como um feto que se aborta,(...) (MUSA) Sofrer, qu’importa? — Vem! Morrem as dores/ Da solidão nos recônditos mistérios!”

“ A missão do Poeta ”, publicado em vinte de outubro de 1858 em “O universo ilustrado, pittoresco e monumental”, Rio de Janeiro, ano 1, n. 29, p.3-4. Fugindo do comum, apresenta um diálogo entre a Musa e o Poeta. A Musa chama o poeta para sonhar. O Poeta reluta em aceitar, se pergunta se não é tudo ilusão. A Musa diz que o poeta não pode desistir que tem uma missão de cantar. <É lendo versos como este que percebo como o romantismo é ainda muito influente, como canta crises de sentimentos que ainda gostamos de enfrentar. Bom exemplo disso é o poetinha muito tempo depois escrever “e no entando é preciso cantar...”>

45- Discutindo a literatura nacional.

“ O passado, o presente e o futuro da literatura ”, publicado em “A Marmota”, n. 941 (pp. 1-2) e 945 (pp. 1-2), 9 e 23 de abril de 1858.  O texto é dividido em três partes. Na primeira, Machado fala de como a literatura é usada na política e em movimentos revolucionários, para defesa de ideais como a liberdade. Diz que no Brasil na época colonial a literatura local imitava a europeia e não tinha um cunho nacional, salvo algumas poucas exceções. Ainda nessa parte Machado escreve “(...) a poesia indígena, bárbara, a poesia do boré e do tupã, não é a poesia nacional. O que temos nós com essa raça, com esses primitivos habitadores do país, se os seus costumes não são a face característica da nossa sociedade?”, o que reflete bem o pensamento da época sobre a cultura indígena do Brasil. Na segunda pate, fala da independência de1822. Elogia D. Pedro I por ter escolhido o Brasil. Mas, diz que a independência literária é mais difícil que a política. Na última parte, comenta que falt...

41- Desejo de ver X Saudade de ver.

“Os Cegos”, começou a ser publicado em 12 de fevereiro de 1858 em “A Marmota”, n. 925 (p. 3), 931 (pp. 1-2), 932 (pp. 2-3), 933 (pp. 1-2), 934 (pp. 2-3), 935 (p. 2)e 937 (pp. 2-3); 12 de fevereiro de 1858, 5, 9, 12, 16, 19 e 26 de março de 1858. São vários pequenos textos. Foram transcritos neste trabalho . A série de texto é iniciada por Paula Brito, redator da “A Marmota”, ele quer comparar os sentimentos entre quem tem cegueira desde o nascimento daquele que a adquiriu em vida, e qual delas seria mais penosa. E nesse texto pede composições aos leitores sobre esse ponto. Em seguida é publicada a opinião de Jq.Sr., que logo coloca a discussão em termos mais gerais e compara ela à disputa entre os sentimentos de desejo e saudade, um que deseja o que nunca teve, e outro que quer o que tinha. Finalmente diz que a saudade da visão é mais penosa. Machado de Assis prontamente oferece sua opinião, que é oposta a de Jq.Sr. Seguem-se réplicas, tréplicas, ainda outra reposta e uma última opin...

40- “Morrer, de vida transbordando ainda, ”

“ Álvares d'Azevedo ”, publicado em “A Marmota”, n. 916, p. 3, 12 de janeiro de 1858 É uma homenagem ao poeta Álvares de Azevedo. <Acho impressionante como um jovem poeta como Azevedo tenha uma obra que tenha repercutido tanto em tão pouco tempo que apenas alguns anos após sua morte outro jovem poeta como Machado de Assis já está se inspirando em seus textos. Dá vontade de parar tudo e ler a obra completa de Álvares.>

39- Senhor X, Senhor F e Dona E

“ Três tesouros perdidos ”, publicado em “A Marmota”, n. 914, pp. 2-3, 5 de janeiro de 1858. <É o primeiro conto publicado de Machado de Assis, o que me deixa bem entusiasmado em lê-lo pela primeira vez.> Trata de um dos temas que depois se tornará recorrente, a infidelidade. A maior parte do tempo se passa com um diálogo, que bem poderia ser de uma peça de teatro. Utiliza várias expressões de época, como “entre um cavalo e uma pistola”, o que nos coloca numa máquina do tempo ao ler o texto. É bem curto, quase uma anedota.

38- “Meu coração? já morreu / Para ti e teus amores, ”

“ Vai-te ”, escrito em 1 janeiro de 1858, publicado em “A Marmota”, n. 920, p. 4, 26 de janeiro de 1858. Um amor que acaba e Machado nesse poema confirma seu fim e pede para a ex-amada não mais procurá-lo. <Acho interessante comparar com os dias de hoje em que as pessoas escrevem em redes sociais seus sentimentos cotidianos e o que estão pensando. Em 1858, Machado mostra que as pessoas de sua época faziam a mesma coisa, apenas escreviam na forma regrada das poesias rimadas e metrificadas.> <Hoje para publicar seus escritos basta uma conexão à rede, antes era preciso o papel, um jornal, eram poucos os que podiam se abrir ao escrutínio da publicação. Havia uma avaliação do texto antes de ele ser publicado, hoje qualquer coisa escrita pode alcançar o mundo inteiro sem nem uma segunda lida do seu autor.>

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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