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63- “(...)minha amável leitora(...)”

Crítica, Revista dos teatros publicado em 11/09/1859.

Com este texto começamos a ver uma nova face de Machado de Assis, aqui o autor nos fala diretamente, não é um poeta ou um narrador, é como um colega que nos conta suas novidades e últimos pensamentos. Lido fora do contexto poderia até se pensar que fossem textos de um blog.
Não posso dizer com absoluta certeza, mas é a primeira vez que Machado de Assis conversa diretamente com o leitor da forma que depois o fará nas suas obras maiores, aqui ele começa com : “(...)minha amável leitora(...)” e segue contando seus pensamentos.
Reflete um pouco sobre a metáfora de que a vida é um caminhar em uma ponte sobre um rio, de um lado e do outro a eternidade. 
Depois começa sua crítica sobre “Asno morto” que  “é um drama em cinco atos, um prólogo e um epílogo, tirado do romance de Jules Janin, do mesmo título” e “o drama de Barrière”.
Resume o teatro e o caracteriza como romântico, ele se diz pertencente à escola realista por ser “mais sensata, mais natural, e de mais iniciativa moralizadora e civilizadora.”
<Temos que nos perguntar porque eles se caracteriza como realista, nesse momento, visto que até então seus escritos tem o cunho mais romântico, talvez seja apenas uma aspiração, não ainda realidade.>
Mudando de assunto fala do autor dramático o Dr. Joaquim Manoel de Macedo” e sua recente obra encenada no Teatro S.Pedro “Cobé”. Obra que apresenta na sua temática alguns problemas da escravidão, concluindo que “a obra respira um grande princípio democrático”.
Para acabar deixo mais um trecho, que já nos antecipa o Brás Cubas: “ Este resultado, por pouco doce que pareça, é contudo evidente e inevitável, como um parasita; e a minha amável leitora não pode duvidar que no fim da vida está sempre a morte.”

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Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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