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108- Pareceres de Machado de Assis a Diversas Peças Teatrais

Pareceres de Machado de Assis a Diversas Peças Teatrais

Não tenho informação completa desses textos, parece que são apenas manuscritos talvez cartas pessoais, existe apenas a informação da data em que foram escritos: 16/03/1862, 20/03/1862, 08/04/1862, 09/05/1862, 11/06/1862, 15/06/1862, 20/07/1862, 30/07/1862, 27/10/1862 e 24/11/1862. Se alguém souber o contexto em que foram escritos favor nos informar.

Várias críticas de peças teatrais encenadas em 1862, Machado de Assis não poupa críticas ao teatro que não lhe agrada:

Em, 16/03/1862, comenta sobre Clermont ou A mulher do artista, peça traduzida do francês,“(…) é uma dessas banalidades literárias que constituem por aí o repertório quase exclusivo dos nossos teatros” e ainda fala mais “(…) e onde nada existe do que pode constituir um drama.”

Em 20/03/1862, sobre comédia Finalmente, em um ato, de Antonio Moutinho de Sousa, peça adaptada à cena nacional, Machado de Assis a aprova dizendo: “(…)  cumpre-me dirigir ao Sr. Moutinho um cumprimento pelo seu trabalho. Trasladou a composição que parece ser originariamente francesa para português cuidado e polido.”

Em 08/04/1862, sobre o drama Um casamento da época, em cinco atos, de Constantino do Amaral Tavares, Machado de Assis explica que a peça é uma composição das “pouquíssimas que conta o teatro nacional” e por isso deve ser analisada de forma rigorosa: “Falta à sua peça o vigor e a elevação que a tese reclamava. Os caracteres não estão desenhados com precisão e verdade; estão mal sustentados; e falta algumas vezes aos acontecimentos a lógica e a razão de ser”. <A peça trata do assunto do divórcio, interessante observar que na época o divórcio não era permitido pela lei, então era apenas uma separação pessoal e de fato do casal>.

Em 05/05/1862, sobre a comédia Os Íntimos, em quatro atos, de Victorien Sardou. Tradução. “Altamente moral, e altamente literária, a comédia Os íntimos deixa uma lição e um exemplo, no meio do riso e do interesse que excita.”

Em 11/06/1862, sobre a comédia Os Nossos íntimos, em quatro atos, de Victorian Sardou, diz que é uma tradução pouco fiel do original.

Em 15/06/1862, sobre a comédia Os Descarados, de Emilio Augier. Tradução. Em contraste com as anteriores Machado de Assis aqui é só elogios: “(…) excelente comédia(…) a tradução está feita em português correto e elegante, fruta rara em teatro.”

Em 20/07/1862, sobre a comédia As Garatujas, de Victorien Sardou. Tradução de A. E. Zaluar. Machado escreve o texto antes mesmo da exibição da peça, mas conhecendo o texto esta na expectativa de um bom espetáculo.

Em 30/07/1862, sobre o drama Mistérios Sociais, original português de César de Lacerda. Outra peça que ainda não foi apresentada, Machado de Assis apoia a sua encenação mas aconselha algumas alterações na trama e no texto de alguns diálogos.

Em 27/10/1862, sobre a comédia A Mulher que o mundo respeita, de Verediano Henrique dos Santos Carvalho, em dois atos. Machado escreve apenas um parágrafo: “A comédia A mulher que o mundo respeita não está no caso de obter a licença pedida para subir à cena. É um episódio imoral, sem princípio nem fim. Pelo que respeita às condições literárias, ser-me-á dispensada qualquer apreciação: é uma baboseira, passe o termo.”

Em 24/11/1862, sobre a comédia As leoas pobres, em cinco atos, de E. Augier e E. Foussier. Tradução. Essa peça também não havia sido representada e Machado de Assis diz sobre essa “representação assino licença, ou antes aconselho como me compete.” O que é uma evidencia que Machado de Assis escreve esses textos na posição de apoiar ou não a exibição de uma peça, <fazia ele parte da organização de teatros na época? Me foge a notícia desse seu cargo>.

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Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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