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Mostrando postagens de abril, 2014

5. Uma terrível e linda flor.

A próxima obra é : A saudade , Marmota Fluminense, 20 mar. 1855. Marmota Fluminense, n. 564, p. 4, 20 de março de 1855. Compara a saudade com uma flor de folhas roxas, que é linda mas não tem perfume. Que causa tristeza ao seu coração e não deseja que ninguém compartilhe desse seu sentimento. Quando li pela primeira vez pensei que se tratava apenas de uma metáfora sem qualquer base em realidade, mas, para minha surpresa, pesquisando um pouco descobri que existe uma flor chamada de “escabiosa”ou “saudade” que de fato tem cor roxa.

4.5- Datas incertas

<Comecei esse projeto cheio de dúvidas, e posso dizer com certeza que as dúvidas me acompanharão até o fim.> <Não há como saber quando Machado de Assis escreveu suas obras, no máximo temos a data em que ele as publicou. Algumas vezes o texto apresenta uma data anterior à publicação, que presumimos ser a data de quando decidiu que a obra estava pronta para a publicação. Muitas vezes publicou periodicamente em jornais e depois reuniu tudo e publicou em um livro.> <Algumas obras são manuscritos e sem data. Outras obras tem apenas o ano. Outras apenas o ano e o mês.> <Como então ler suas obras em ordem cronológica, se é hoje impossível saber qual de fato é a ordem de sua criação?> <Mas temos que decidir e como não podemos ter a cronologia perfeita fiquemos com uma de minha escolha. Quando o texto indicar data anterior iremos com essa data, quando não indicar iremos com a data da publicação. Quando não houver data deixaremos para o final, para adivinharmos.>

4- A primeira Saudade ?

“Saudades”, escrito em 25 de fevereiro de 1855. Publicado na Marmota Fluminense, n. 578, p. 4, 1 de maio de 1855. Existem duas poesias atribuídas a Machado de Assis com esse nome. Uma que pode ser lida neste trabalho onde foi transcrita, ou na hemeroteca digital , é em homenagem à F. G. Braga . A outra poesia é sobre a perda da mãe do poeta, e a dor que isso lhe causa. A morte aqui é tratada como alternativa de uma vida sofrida. Assim pede a morte enquanto jovem, aquela dos poetas românticos. Este comentário foi retificado como pode explicar esta nota .

3.5- Por que este Blog?

Uma desculpa para escrever e ler. Por que Machado de Assis?         Escolhi Machado de Assis porque é um clássico, porque ele tem um longa obra com diferentes estilos. E porque é impossível ler todos os livros do mundo, mas não é impossível ler todos os livros de um autor (mesmo que leve muito tempo).     Qual o objetivo?     Ler e comentar as obras de Machado de Assis. Quais as regras?         1. ler em ordem cronológica;     2. ler tudo mas não necessariamente tenho que escrever sobre tudo;     3. postar um novo texto a cada semana. Observação:     Um projeto como esse requer anos de pesquisa, muita preparação, estudo histórico, bibliográfico, linguístico e muito mais. Estou jogando tudo isso pela janela em favor de poder iniciar agora. Um outro motivo:     Das obras Machado de Assis todos comentam “Dom Casmurro”, com seu terrível mistér...

3- A ditadura das rimas.

Na nossa cronologia a próxima obra é “ Ela ”, Marmota Fluminense, n.º 539, 12 jan. 1855.      Tudo que vimos até agora abunda de rimas, nada fica sem par. Um costume obrigatório de versos terminarem no mesmo som.     A preocupação devia ser tanta com as rimas que me pergunto se quando se lia um poema na época não se pulava a leitura completa para apenas ler as últimas palavras de cada verso e ver se havia o uso de alguma rima nova. O inédito nas rimas devia criar grande comoção. Pois com certas palavras era impossível inovar, por exemplo, qual rima nunca foi usada para coração, ou amor, ou poesia....     Os jovens escritores deviam, imagino, quando se encontravam comentar, “colega encontrei uma bela rima rica.”.     Já no conteúdo da obra, ouso dizer, não havia muita novidade: uma nova paixão, a beleza da amada, traição, perda do amor, sofrimento...     Assim é esta poesia de Machado de Assis, com anjos de ...

2.5- Sobre a Marmota

Como podem ver a maioria das primeiras publicações de Machado de Assis, saiu no periódico Marmota Fluminense. Para quem quiser saber mais sobre a Marmota e a participação de Machado de Assis nela ver a interessante dissertação de Juliana Siani Simionato , A Marmota e seu Perfil Editorial: Contribuição para Edição e Estudo dos Textos Machadianos Publicados Nesse Periódico (1855-1861), (2009) , trabalho que tem me ajudado a entender e contextualizar esses textos.

2-Parnasiano?

Vejamos, a próxima poesia é: - A Palmeira , publicada na Marmota Fluminense, em 16 jan. 1855, n. 540, p. 3, mas escrita em 6 de janeiro de 1855. Pode também ser vista no orignal na Hemeroteca Digital . Inicialmente pensei tratar-se de uma típica poesia parnasiana, descritiva e abusando de palavras pouco usadas. Mas se tal fosse verdade em 1855 o jovem Machado de Assis seria um dos precursores do escola no Brasil. Contudo a poesia continua e se revela indubitavelmente romântica, tendo como foco o sentimentos do autor. A palmeira inicialmente descrita torna-se confidente de seus sofrimentos de amor, sua paixão traída, seus sentimentos não correspondidos. Com certeza o jovem Joaquim teve suas desilusões amorosas, mas nos perguntamos se realmente esse poema se reporta a alguma específica, ou se não foi criado apenas para a publicação na revista Marmota, aproveitando um tema da moda.

1.5- Primeira digressão

<tudo entre <> são comentários, digressões na melhor tentativa de imitação de Machado de Assis> <Começar alguma coisa é sempre difícil, tem que se criar a ponta da meada, só depois pode se puxá-la. A verdade é que não se cria nada, mas mesmo assim devemos achar o começo, e achar o começo pode ser muito difícil, como numa fita colante em que se perde o início.> <O percurso já está traçado, resta saber qual será o meio de locomoção. Quero algo fluído como água, em que se passe de um ponto ao outro sem grande turbulência. Mas também quero que todo ponto seja um novo início, e que cada passo possa ser acompanhado por outros sem necessidade de iniciarem o traçado original. Deve ser como capítulos de um folhetim, quando os leitores podiam acompanhar a história facilmente, mesmo sabendo que havia outras partes que não tinham lido.> <O problema dos folhetins é que muitas vezes perdem a lógica interna para agradar os leitores presentes, sacrificando a leitura fu...

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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