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Mostrando postagens de outubro, 2014

40- “Morrer, de vida transbordando ainda, ”

“ Álvares d'Azevedo ”, publicado em “A Marmota”, n. 916, p. 3, 12 de janeiro de 1858 É uma homenagem ao poeta Álvares de Azevedo. <Acho impressionante como um jovem poeta como Azevedo tenha uma obra que tenha repercutido tanto em tão pouco tempo que apenas alguns anos após sua morte outro jovem poeta como Machado de Assis já está se inspirando em seus textos. Dá vontade de parar tudo e ler a obra completa de Álvares.>

39- Senhor X, Senhor F e Dona E

“ Três tesouros perdidos ”, publicado em “A Marmota”, n. 914, pp. 2-3, 5 de janeiro de 1858. <É o primeiro conto publicado de Machado de Assis, o que me deixa bem entusiasmado em lê-lo pela primeira vez.> Trata de um dos temas que depois se tornará recorrente, a infidelidade. A maior parte do tempo se passa com um diálogo, que bem poderia ser de uma peça de teatro. Utiliza várias expressões de época, como “entre um cavalo e uma pistola”, o que nos coloca numa máquina do tempo ao ler o texto. É bem curto, quase uma anedota.

38- “Meu coração? já morreu / Para ti e teus amores, ”

“ Vai-te ”, escrito em 1 janeiro de 1858, publicado em “A Marmota”, n. 920, p. 4, 26 de janeiro de 1858. Um amor que acaba e Machado nesse poema confirma seu fim e pede para a ex-amada não mais procurá-lo. <Acho interessante comparar com os dias de hoje em que as pessoas escrevem em redes sociais seus sentimentos cotidianos e o que estão pensando. Em 1858, Machado mostra que as pessoas de sua época faziam a mesma coisa, apenas escreviam na forma regrada das poesias rimadas e metrificadas.> <Hoje para publicar seus escritos basta uma conexão à rede, antes era preciso o papel, um jornal, eram poucos os que podiam se abrir ao escrutínio da publicação. Havia uma avaliação do texto antes de ele ser publicado, hoje qualquer coisa escrita pode alcançar o mundo inteiro sem nem uma segunda lida do seu autor.>

37.5- O ano de 1857

Uma dúvida que paira sempre que venho escrever aqui é se eu não estou pulando alguma obra, será que pulei alguma página das listas de obras de Machado de Assis, ou será que existe alguma obra inédita guardada em alguma baú, ou será que existe algum pseudônimo dele que não conhecemos com que tenha assinado várias obras? Digo isso pois o ano de 1857 é deveras curto; apenas seis poesias, sendo que uma delas foi publicada em 1858. Mas se de fato ele apenas escreveu esses seis poemas o que teria acontecido para ter diminuído tanto sua produção comparado com os anos de 1855 e 1856? O conteúdo dessas poesias nos dá uma resposta: o jovem poeta estava apaixonado e não teve seu amor correspondido. Nesse estado de espírito, implorou por amor , prenunciou sua morte , tudo isso o teria desanimado a escrever, apenas voltando ao papel para falar de seu amor. Desse ano destaco a poesia o sofá , que embora ainda trate da temática amorosa muda o foco de participante para a de observador.

37- “Ameno sítio”

“ O Sofá ”, escrito em dezembro de 1857, publicado em “A Marmota”, n. 915, p. 4, 8 de janeiro de 1858. Aqui um objeto entra na história como personagem importante, mas que não chega a se personificar. Antes tinha sido a palmeira a testemunhar as lamentações do poeta. Agora é o sofá como local de encontros amorosos. Para ele maior símbolo da preguiça não há. Esse é uma obra que dá pistas do Machado de Assis que virá, de temas que ele vai tratar, mas sempre de uma forma diferente da esperada, neste caso do ponto de vista de um sofá. Teria o jovem Joaquim testemunhado indiscrições sobre um sofá, ou teria ele sido o protagonista de tais indiscrições?

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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