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88.5- Textos “inéditos” de Machado de Assis

<Em 2015, ainda estamos descobrindo novos textos de Machado de Assis. É o que conseguiu o professor da UFSCAR Wilton Marques: http://www2.ufscar.br/servicos/noticias.php?idNot=7247 , que descobriu uma poesia do ano de 1856 publicado em jornal da época, mas que nunca figurou em qualquer coletânea, ou índice de obras machadianas. Assim, apesar de ter sido publicado em 1856 era um texto praticamente desconhecido.> <Esse notável feito foi realizado com a ajuda da tecnologia de digitalização de imagens e reconhecimento de caracteres, desse modo o professor pôde pesquisar jornais antigos já digitalizados palavra por palavra.> <Desse modo, irei incluir meus cometários aos “novos” textos que forem sendo redescobertos.>

88- “Desgraçado, vendeste tua mãe!”

“ A Crítica teatral. José de Alencar: Mãe ”, publicado originalmente na “Revista Dramática”, seção do Diário do Rio de Janeiro, 29/03/1860. Começa falando da tarefa e das dificuldades de um crítico de teatro. E comenta rapidamente que não se filia à escola realista nem a romântica. Então passa a discorrer sobre a peça “Mãe” e a elogia dizendo: “o drama é de um acabado perfeito, e foi uma agradável surpresa para os descrentes da arte nacional.” Um drama de amor e honra, com suicídio, que ainda mostra as práticas do comércio de escravos, que eram usados como bens e até hipotecados. <A palavra nova da semana é: azorrague. Usado por Machado na seguinte passagem: “Nem azorrague, nem luva de pelica; mas a censura razoável, clara e franca, feita na altura da arte e da crítica. ”. Significado: “Açoite de várias correias ou cordas”.>.

87- “Morreste, seriedade!”

“ Ao carnaval de 1860 ”, publicado em “A Marmota”, n. 1.136, 21 de fevereiro de 1860.     Para quem estuda a história do carnaval brasileiro é um bom testemunho de como se fazia em 1860, ainda antes de o samba existir.     O poeta saúda o carnaval, já então comemorado em três dias. A própria razão entrou na brincadeira. Nem a política é causa para briga nesses dias.     Machado diz que o carnaval é como Roma que se deixa invadir pelos Hunos. <A palavra nova da semana é: folgazão. Usado por Machado na seguinte passagem: “Agora reina a chacota/E o carnaval folgazão!”. Significado: “alegre; jovial; que não quer trabalhar”. Origem: de folgar.>

86- “Tenho o teatro que me chama.”

Crítica, Revista dos teatros , 10 de janeiro de 1860. O texto é do início do ano, período de festas, e nosso crítico teatral já explica que não há novidades no mundo teatral. E também o calor da do verão é intenso e convida ao repouso, até escrever um folhetim é esforço enorme. <Machado é exagerado compara sua tarefa de ter que escrever sobre teatro com o destino de Prometeu: “Atado a esta rocha fatal chamada folhetim, inerte, Prometeu como sou, nem tenho ao menos um coro de Oceânidas para consolar-me no infortúnio. ”> Assim comenta que se repetiu a apresentação do “Romance de um moço pobre”, alguns concertos dos irmãoes Growenstein. Ainda a peça “Pedro” de Mendes Leal Junior, peça com vocação artística e filosófica. <A palavra nova da semana é: apostar. A novidade não é na palavra mas em um de seus sentidos, não estou falando de seu sentido usual. Aqui é usado por Machado com o sentido de emprenhar-se, e é usado na seguinte passagem: “Estamos em festas e como que os teatros ...

85.5- O ano de 1859

O ano de 1859 mostra-se um período de transição há ainda muita poesia, mas a prosa se mostra tão frequente quanto. Inicia-se uma nova carreira a de crítico de teatro . Ele já havia revelado seu interesse pela arte dramática em poesias , mas é em 1859 que estreia na tarefa de analisar as peças apresentadas ao público carioca. O jovem Machado de Assis se torna uma presença constante nas plateias dos diversos teatros da cidade. Com estes textos começa a sua conversa direta com os leitores e nos apresenta indiretamente um pouco do cotidiano das pessoas que iam ao teatro. O autor conhece, quase sempre de antemão, as peças apresentadas, os diretores, os atores e atrizes. É um crítico direto não fazendo uso de hipérboles ou eufemismos, quando gosta elogia e quando não lhe agrada aponta os erros. <É incrível imaginar hoje ir ao teatro toda semana, ou mais de uma vez por semana, quando muito vamos ao teatro apenas uma vez por ano. Machado vai ao teatro como nós vamos ao cinema. De fato, s...

85- “É fraqueza chorar?”

“ A augusta ”, escrito em 1859, publicado em “O Binóculo”,n.º 1, 23 set. 1862. <A interpretação de poesias é como desvendar um mistério um enigma. Uma mensagem clara na cabeça do poeta torna-se nebulosa quando transcrita em versos, as rimas criadas para dar uma melodia nas estrofes são artificialmente colocadas deslocando a ordem lógica das palavras. Pode ser que o poeta nem tenha uma mensagem clara inicialmente.> <Enfrentemos mais uma poesia.> O poeta canta versos de consolação, de esperança diante de um fracasso de uma amiga. O autor chora com sua amiga. Fala de como muitas vezes temos que esconder nossa tristeza, fingindo alegria. Depois de mostrar toda essa empatia por uma dor alheia, somente na última estrofe fala de redenção e novos amores que nos ajudam a recomeçar mesmo depois da mais profunda queda. <Vou inaugurar uma nova seção nesses comentários: Machado de Assis escreveu faz mais de um século usando palavras e expressões hoje inutilizados. Assim a cada texto...

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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