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86- “Tenho o teatro que me chama.”

Crítica, Revista dos teatros , 10 de janeiro de 1860. O texto é do início do ano, período de festas, e nosso crítico teatral já explica que não há novidades no mundo teatral. E também o calor da do verão é intenso e convida ao repouso, até escrever um folhetim é esforço enorme. <Machado é exagerado compara sua tarefa de ter que escrever sobre teatro com o destino de Prometeu: “Atado a esta rocha fatal chamada folhetim, inerte, Prometeu como sou, nem tenho ao menos um coro de Oceânidas para consolar-me no infortúnio. ”> Assim comenta que se repetiu a apresentação do “Romance de um moço pobre”, alguns concertos dos irmãoes Growenstein. Ainda a peça “Pedro” de Mendes Leal Junior, peça com vocação artística e filosófica. <A palavra nova da semana é: apostar. A novidade não é na palavra mas em um de seus sentidos, não estou falando de seu sentido usual. Aqui é usado por Machado com o sentido de emprenhar-se, e é usado na seguinte passagem: “Estamos em festas e como que os teatros ...

85.5- O ano de 1859

O ano de 1859 mostra-se um período de transição há ainda muita poesia, mas a prosa se mostra tão frequente quanto. Inicia-se uma nova carreira a de crítico de teatro . Ele já havia revelado seu interesse pela arte dramática em poesias , mas é em 1859 que estreia na tarefa de analisar as peças apresentadas ao público carioca. O jovem Machado de Assis se torna uma presença constante nas plateias dos diversos teatros da cidade. Com estes textos começa a sua conversa direta com os leitores e nos apresenta indiretamente um pouco do cotidiano das pessoas que iam ao teatro. O autor conhece, quase sempre de antemão, as peças apresentadas, os diretores, os atores e atrizes. É um crítico direto não fazendo uso de hipérboles ou eufemismos, quando gosta elogia e quando não lhe agrada aponta os erros. <É incrível imaginar hoje ir ao teatro toda semana, ou mais de uma vez por semana, quando muito vamos ao teatro apenas uma vez por ano. Machado vai ao teatro como nós vamos ao cinema. De fato, s...

85- “É fraqueza chorar?”

“ A augusta ”, escrito em 1859, publicado em “O Binóculo”,n.º 1, 23 set. 1862. <A interpretação de poesias é como desvendar um mistério um enigma. Uma mensagem clara na cabeça do poeta torna-se nebulosa quando transcrita em versos, as rimas criadas para dar uma melodia nas estrofes são artificialmente colocadas deslocando a ordem lógica das palavras. Pode ser que o poeta nem tenha uma mensagem clara inicialmente.> <Enfrentemos mais uma poesia.> O poeta canta versos de consolação, de esperança diante de um fracasso de uma amiga. O autor chora com sua amiga. Fala de como muitas vezes temos que esconder nossa tristeza, fingindo alegria. Depois de mostrar toda essa empatia por uma dor alheia, somente na última estrofe fala de redenção e novos amores que nos ajudam a recomeçar mesmo depois da mais profunda queda. <Vou inaugurar uma nova seção nesses comentários: Machado de Assis escreveu faz mais de um século usando palavras e expressões hoje inutilizados. Assim a cada texto...

84- “Foras um sonho que eu tive, (...)”

“ Ícaro ”, escrito em 1859, publicado no Correio Mercantil em 9 de janeiro de 1860.     O poeta volta a refletir sobre o amor e seus efeitos. Sobre as exigências que ele faz. Sobre as necessidades que cria. O eu lírico quer mais de sua amada, quer que ela o ame na mesma medida que ele. E quando ele não é correspondido recusa a piedade de um amor machucado.     <Em um dos versos se lê: “quebrado a teus pés, quebrado”, que exagerado.>

83- “Sou bem moço, e talvez uma esperança/Pudesse ainda me despir do lodo;”

“ Um nome ”, foi encontrado apenas o registro da data de divulgação do poema, 1859     É um poema misterioso. Faltam versos para se entender o relacionamento descrito. O autor se dirige a uma pessoa específica. Fala de um fracasso literário. Queria homenagear alguém e não o pode fazer.     Teria ele feito uma promessa e não conseguido a cumprir? A falha foi sua ?     O leitor deste comentário sabe? Tem a resposta ou uma opinião? Comente abaixo.     <Na epígrafe deste poema está escrito “No álbum da Exma. Sra. D. Luísa Amat”. É interessante esse costume da época de escrever poemas em álbuns. Acredito que o equivalente seria escrever um depoimento na página pessoal de alguém em uma das redes sociais da internet. Pergunto-me se os autores desses texto preparavam os versos antecipadamente ou escreviam nesses álbuns de improviso em algum encontro social.>

82- Versos de quem?

“ Meus Versos ”, Foi encontrado apenas o registro da data de divulgação do poema, 1859.     Cinco estrofes de sonhos, esperanças e desilusões. Compara a criação de versos com o crescer de botões em flores e como muitas são ignoradas e jogadas fora.     <Não encontrei a origem desta poesia, se foi publicada em algum lugar, se há apenas um manuscrito, nem certeza de que foi Machado de Assis que a escreveu, poderia ser uma tradução, ou até de outra pessoa. Se você leitor souber, por favor me avise .>

Citações escolhidas

-- "Assim, por sobre o túmulo/ Da extinta humanidade/ Salva-se um berço; o vínculo/ Da nova criação." (1863).
-- “Abre-se o ano de 63. Com ele se renovam esperanças, com ele se fortalecem desanimados. Reunida à família em torno da mesa, hoje mais galharda e profusa, festeja o ano que alvoroce, de rosto alegre e desafogado coração. 62, decrépito, enrugado, quebrantado e mal visto, rói a um canto o pão negro do desgosto que lhe atiram tantas esperanças malogradas, tantas confianças iludidas. Pobre ano de 62! (1863).
-- “Expus com franqueza e lealdade, sem exclusão do natural acanhamento, as minhas impressões; os erros que tiver cometido provarão contra a minha sagacidade literária, nunca contra o meu caráter e a minha convicção." (1863).
-- “Que importa o labor de uma longa semana? Há, para muito descanso, o domingo da imortalidade.”(1863).
--"(...)Passarinho que sendo prisioneiro/ Fugiu matreiro/ Não volta, não!" (1862)
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